verbalizando-me

Eis uma mulher, cuja graça é natural, naturalmente consequência do que ela é, do que ela busca, do que ela faz, do que ela investe, não é graça de farmácia , que se aplica nos cabelos, que se esparge nas bochechas, que se colore nos lábios, ela – toda ela, sua graça – vem de dentro para fora, lá do fundo de um turbilhão de ânsias e desejos que, quando lhe atravessam os poros, fazem de seu corpo esta casa de campo, esta casa de praia, esta rede estendida a quem souber veranear. (Felipe Moura Brasil). Rio de Janeiro. Acessem também: http://bordas-de-mim.tumblr.com/

Já fui tudo; hoje eu não sou nada.
Já fui a cura; hoje não sou mais necessário.
Já fui a essência; hoje eu sou a fumaça.
Já fui o sorriso; hoje sou a lembrança.
Já fui a história; hoje sou página virada.
Já fui o personagem principal; hoje sou o figurante.
Já fui a graça; hoje sou a piada.
Já fui o presente; hoje sou passado.
Já fui o futuro; hoje eu não sei mais.
Já fui o motivo; hoje sou carta fora do baralho.
Já fui a certeza; hoje eu sou a dúvida.
Já fui eterno; hoje eu já passei.
Já fui a luz; hoje sou a noite.
Já fui a fé; hoje sou a descrença.
Já fiz o maior sentido do mundo – hoje eu perdi o sentido.

Já fui bandido, já fui herói. Devorei concreto e asfalto.
Escrevi tudo, mas nada adiantou.

Do blog: acasodoerro.wordpress.com

Alguém entra na sua vida, rouba seu tempo, destrói sua confiança, agride sua auto-estima, estilhaça o pouco que resta da sua esperança e amor. E sai ileso. Não adianta desperdiçar sofrimento por quem não te merece. (Cazuza)

Não é um conto de fadas: todo conto de fadas tem um início triste e um final feliz. Quando o início é muito feliz, cuidado com o final triste. (Fabrício Carpinejar)

Quem gosta mesmo de você aguenta suas crises matinais, suas manias, suas reclamações, seus momentos de tristeza e permanece sempre ao seu lado. (Tati Bernardi)

De vez em quando sinto algumas falhas. Deve ser porque penso demais. Meu pensamento, apressado, corre a passos largos e intensos. Quase me derruba. Mas eu aguento (ou pelo menos tento). Ando parecida com o mar em dias de fúria: meio mexida. Tudo anda se ajustando e adaptando dentro de mim. (Clarissa Corrêa)

Eu estava me sentindo muito triste. Você pode dizer que isso tem sido freqüente demais, ou até um pouco (ou muito) chato. Mas, que se há de fazer, se eu estava mesmo muito triste? Tristeza-garoa, fininha, cortante, persistente, com alguns relâmpagos de catástrofe futura. Projeções: e amanhã, e depois? E trabalho, amor, moradia? O que vai acontecer? Típico pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer acontecerá. Relaxa baby, e flui: barquinho na correnteza, Deus dará. A questão é toda essa: fluir. Tão difícil deixar fluir. Mas é o que precisa ser feito agora. Virar barquinho mesmo. Relaxar e observar o caminho, a paisagem, perceber minha respiração sempre tão junta da respiração do meu pequenino. E assim vamos fluindo, juntos. Correnteza leve, por favor. Que não estamos assim muito prontos pra grandes tormentas. Tá tudo bem na verdade. É só uma questão de se encontrar. Porque às vezes eu me perco e fico me procurando, e não me acho. Mas quem sabe assim, deixando que a água vá me levando, não dá certo, né? Deus dará…

(Caio Fernando Abreu)

Se você soubesse o estado que estou agora, zumbi, pegando detalhes seus por aqui, e doendo tanto que nem sei mais por onde começar. Eu não aguento mais começar. Queria tanto continuar. Não sei, não aguento, ainda não posso, mas queria continuar. (Tati Bernardi)

É fácil trocar as palavras,
Difícil é interpretar os silêncios.
É fácil caminhar lado a lado,
Difícil é saber como se encontrar.
É fácil beijar o rosto,
Difícil é chegar ao coração.
É fácil apertar as mãos,
Difícil é reter o calor.
É fácil sentir o amor,
Difícil é conter sua corrente!

(Fernando Pessoa)