verbalizando-me

Eis uma mulher, cuja graça é natural, naturalmente consequência do que ela é, do que ela busca, do que ela faz, do que ela investe, não é graça de farmácia , que se aplica nos cabelos, que se esparge nas bochechas, que se colore nos lábios, ela – toda ela, sua graça – vem de dentro para fora, lá do fundo de um turbilhão de ânsias e desejos que, quando lhe atravessam os poros, fazem de seu corpo esta casa de campo, esta casa de praia, esta rede estendida a quem souber veranear. (Felipe Moura Brasil). Rio de Janeiro. Acessem também: http://bordas-de-mim.tumblr.com/

Mês: novembro, 2010

Uma dose de milagre, por favor.

Uma menina entra em um bar. Atordoada, ela procura alguma coisa… Logo alguém vem atendê-la:
– O que você deseja?
Pensativa, ela responde:
– Uma dose de milagre, por favor.

(Larissa Xavier)

Eu sempre sinto uma necessidade imensa de escrever, de pôr para fora todas aquelas coisas que eu sinto. Eu tenho tantas coisas na cabeça, escrevo tantos textos nas paredes de meu cérebro e quando finalmente estou munida de papel e caneta todas as palavras dissipam-se, dissolvem-se ao passo que eu permaneço estática, pensando no que escrever, tentando me lembrar com detalhes daquele pensamento que fugiu de mim. Este texto mesmo não estava projetado a sair desta forma e com estas palavras. Enquanto eu desesperadamente corria as páginas do caderno procurando uma folha em branco, eu pensava na escrita, forçando-me a não esquecer de cada detalhe e eis que, quando chego, encontro-me apenas na companhia de minha mente vazia. É como uma competição constante entre meu pensamento e eu. Ele corre em minha mente e se joga no precipício do esquecimento enquanto eu fico aqui apenas tentando encontrá-lo em minhas lembranças. (Larissa Xavier)

Eu sinto saudade. E isso enlouquece e só cresce
Saudade do que foi, do que não era, do que deveria ter sido
Saudade que entra e permanece
Saudade do que foi esquecido…
Daquelas pessoas certas, momentos errados, histórias interrompidas, épocas passadas
Das palavras não ditas, atitudes não tomadas…
Essas lembranças são como livros empoeirados nas estantes de meu cérebro
São memórias covardes que me atordoam e quando me viro para enfrentá-las, elas logo desaparecem
São coisas tão minhas que… que… eu nem sei…

(Larissa Xavier)

“Céu escuro, porque não limpas e iluminas o meu mundo? “

Diálogo

A: Oi, como vai?

B: tô bem…

A: Defina “bem”

B: Desanimada, frustrada, arrasada, triste, perdida, desesperada, preocupada, neurótica, fodida.

Frustração. Frustração. Frustração.

Quando eu penso que as coisas estão caminhando eu sempre percebo que, na verdade, tudo é um grande engano.
A única luz que eu vi no fim do túnel me fez ter esperanças de que daria tudo certo, mas, ao chegar perto, eu vi que a luz que eu vi no fim do túnel era só o farol de um outro trem vindo a todo vapor pra passar por cima de mim novamente… (Larissa Xavier)

“Um dia você vai se perguntar por que você errou. Por que você acertou. Por que você aprendeu. Vai perceber que o tempo não se controla, e perguntar se houvesse uma segunda chance, como seria. E, por mais que pareça que foi tudo em vão, um dia você vai lembrar de cada coisa errada, como tivesse sido tudo certo. Não vai importar que você dê sua vida por uma pessoa, simplesmente ela pode não querer isso. Vai achar que tudo tem um preço, mas tudo tem é um valor. Vai amar e odiar a mesma pessoa. Vai querer morrer, e vai querer viver mais. Vai se perguntar o porquê de gostar. O porquê de amar. Vai rir das coisas que passou, vai rir de como você era, de como você é, e de como você pensa ser. Vai querer mudar de nome. Vai querer ser outra pessoa. Vai perceber que você mudou muito, ou que você sempre foi a mesma pessoa. Vai querer entender o que te faz feliz, quem te faz feliz, e porque te faz feliz. Vai achar pessoas, perder pessoas, amar pessoas, esquecer pessoas, e ver que você é uma pessoa também, que pode ser achada, perdida, amada e esquecida. Vai querer voltar atrás, ou andar a dois passos de cada vez. Vai querer rir com vontade de chorar, chorar com vontade de rir. Vai acreditar, e desacreditar. Vai se perder em sua própria vida. Vai arriscar, mesmo sabendo das conseqüências. Vai deixar de tentar por medo. Duvidas. Vai se arrepender. Vai querer sumir, se mudar pra outro país. Vai querer recomeçar. Vai fazer planos com outra pessoa, mesmo ela nunca ter feito parte disso. Vai depender de alguém. Vai pedir ajuda. Vai perder o orgulho. Vai perceber que mesmo sendo sempre a mesma pessoa, você nunca é você mesmo. Vai entender porque mudar é bom. Sua vida nunca será sempre a mesma. Vai entender que de um dia pro outro tudo pode mudar, sim. As pessoas podem esquecer você, podem lembrar de você. Você vive, você existe, e isso tudo faz parte.Um dia você vai se perguntar por que você se pergunta. Por que você deixou de agir, por que é tudo assim? Por mais que não pareça, nada é em vão. Tudo um dia faz sentido, por mais tarde que seja…”

Desconhecido